Opa, beleza? Teuri aqui.
Você tem sistemas que queria jogar? Mesas ou projetos que quer tirar do papel? Nessa postagem que dá a início a newsletter do Dados Críticos, queria falar sobre começos.
Durante todos esses anos produzindo conteúdo para o canal, tendo contato com inúmeras pessoas e ajudando literalmente milhares de iniciantes no hobby, eu percebo um padrão: muita gente busca se preparar antes de começar a jogar. Seja no papel de mestre, jogador, ou até mesmo no RPG Solo, é muito comum ver perguntas como:
Quais livros preciso ler?
Como saber quando estou preparado(a) para começar?
Tenho que saber todas as regras?
Preciso ver alguém jogando antes de começar?
Essas são apenas algumas das muitas dúvidas que surgem nos iniciantes. E não se engane: até mesmo veteranos no RPG costumam ter essas mesas dúvidas quando estão testando um estilo jogo ou sistema de regras diferente.
Durante todo esse tempo, aprendi uma verdade que não é muito legal de ser dita:
Você nunca vai se sentir completamente preparado!
Parece muito drástico, mas é verdade. Mesmo já mestrando a mais de uma década, eu ainda me sinto ansioso antes de uma nova mesa ou live. Por vezes ainda me vejo perdido sem saber qual ação tomar depois das atitudes dos jogadores no jogo. E isso é completamente natural!
Eu vejo que muita gente olha para essa ansiedade como algo ruim, a ser eliminado. E a realidade é que isso é impossível. Por vezes a gente usa a preparação como uma forma de lidar com essa ansiedade de lidar com o imprevisível, que é uma característica intrínseca do RPG. A sensação é que quanto mais preparado estivermos, melhor vai ser o jogo. Mas essa relação não é diretamente proporcional. Preparar mais não significa necessariamente em maior diversão, até porque diversão é algo muito subjetivo. Preparar mais também não significa menos ansiedade, e por vezes pode até ser o contrário. Vou contar um caso que aconteceu comigo:
Uma vez queria mestrar um sistema que era um pouco diferente dos que eu estava acostumado. Estou falando de Forbidden Lands. Na época, jogava majoritariamente o D&D 5e, e a mudança de paradigma nas regras era algo que me causava bastante insegurança. Dai, busquei ler e estudar bastante sobre o sistema, estudar sobre o processo de exploração de hexágonos no RPG e sobre como tornar isso mais fluido. Li vários livros, assisti vários vídeos, ouvi podcasts, e acompanhei guias. Entrei tanto no tema, que acabei me saturando, e perdi o interesse no jogo. Eu fiz tudo, menos o essencial, que era experimentar! Ter contato direto com a experiência.
Pra ser bom em algo, a gente precisa ser ruim naquilo durante algum tempo
Não dá pra pular processos. O melhor jeito de melhorar em algo, é ter a experiência direta naquilo e tentar. Os erros vão ser frustrantes, mas eles ensinam muito. Costumo usar uma analogia: mesmo que você fique ano inteiro assistindo vídeos guias de como andar de bicicleta, se você nunca tiver subido em uma, ao tentar andar pela primeira vez, você vai cair!
E isso se aplica muito ao RPG de Mesa, seja mestrando ou jogando. É muito importante ler o sistema, ver guias e vídeos de dicas. Contudo, experimentar na prática é tão importante quanto. Vale pro RPG, mas vale pra vida também!
Durante muito tempo eu tive interesse em começar a produzir um conteúdo escrito, como esse que você está lendo. Mas novamente, ficava querendo me aperfeiçoar antes. Ficava dizendo que talvez eu não teria tempo pro projeto, entre outras justificativas. E as vezes isso pode ser verdade, e é importante ter noção dos projetos para os quais dizemos sim (isso e assunto pra um próximo texto). Só que eu percebi que no meu caso, tratava-se mais de um receio sobre a crítica.
Será que vai dar certo? Vou conseguir ter conteúdo suficiente? Eu sei escrever bem o suficiente pra isso?
A realidade é que eu não tenho respostas para nenhuma dessas coisas até ter feito. E aqui estou eu. Eu tenho certeza que eu vou errar muito no processo, mas entendo isso como parte do próprio processo. É assim que melhoro. Não adianta se cobrar por algo que ainda tá só no mundo das ideias. Meu avô sempre dizia uma frase, e peço desculpas de antemão pelo palavrão: “Não adianta contar com o ovo no c* da galinha”. Isso vale pra apostas, e vale pra nosso projetos também. Enquanto as ideias estão em nossas mentes, elas são perfeitas, pois são parte do mundo das ideias. E isso é confortável, pois ninguém pode criticar algo que não existe de fato. Nós somos seres humanos (se você for uma máquina lendo isso, saiba que em caso de uma revolução, estou do lado de vocês), e o ser humano é falho. Não se cobre tanto, especialmente em algo que deveria ser seu lazer, sua diversão.
Comece sua mesa, mesmo que imperfeita! O tempo passa, independente de você fazer ou não.
E aí, o que achou desse texto? Tem algum feedback? Queria te ouvir. Me responda contando sobre a sua experiência.
Também te peço sua ajuda! Ajude a divulgar esse meu novo projeto para seus amigos e amigas que você acha que iriam curtir. Pretendo trazer muita coisa legal por aqui, e estou realmente feliz em ter começado, mesmo que não seja perfeito!
Um grade abraço,
Teuri
